Este é um extrato do livro Criação de Fundações. Um guia prático baseado em experiências na África, Ásia e America Latina. O livro, Criação de Fundações, foi escrito por A. Scott DuPree e David Winder com Cristina Parnetti, Chandni Prasad e Shari Turitz. |
Cada fundação tem uma missão a cumprir. Como ela vai especificar suas prioridades e determinar seus objetivos e metas de programa? Que estratégias e papéis ela vai escolher para atingir seus objetivos? Para responder a essas perguntas, as fundações geralmente conciliam o planejamento estratégico com consultas ao conselho, aos funcionários, a doadores, a possíveis beneficiários e a possíveis parceiros nos setores governamental e empresarial. A partir desse processo, surge um conjunto de programas operacionais e de doações criados para implementar as estratégias escolhidas.
As fundações podem aproveitar uma série de oportunidades para obter impacto nos campos em que escolheu atuar. Em comparação com várias organizações
não-governamentais (ONGs), elas sofrem menos limitações quanto ao fornecimento de serviços específicos e podem adotar estratégias criativas e inovadoras para alcançar seus objetivos e realmente fazer a diferença nas sociedades em que atuam. Ao contrário das fundações européias e norte-americanas, que tendem a usar as doações como estratégia principal para conduzir sua missão, as fundações da América Latina, África e Ásia geralmente adotam uma gama mais ampla de estratégias, sendo as doações apenas uma delas. As estratégias adotadas pelas fundações descritas neste capítulo implicam em desempenhar uma multiplicidade de papéis, dentre eles:
- Exercer liderança na abordagem de questões que foram negligenciadas por outros por serem consideradas de alto risco ou "abrangentes demais" para serem resolvidas
- Capacitar organizações da sociedade civil e indivíduos normalmente excluídos do processo de tomada de decisões através de apoio financeiro, capacitação e promoção do acesso a informações
- Servir de exemplo para outras organizações da sociedade civil incorporando princípios (como transparência, responsabilidade e participação) em seus programas
- Incorporar mecanismos eficazes de monitoramento e avaliação em seus sistemas de administração de programas para assegurar que eles provoquem o impacto desejado e sejam efetivos
- Apresentar às agências governamentais soluções novas e inovadoras para os desafios relativos ao desenvolvimento social e econômico
- Construir pontes entre as organizações da sociedade civil, assim como entre a sociedade civil e os setores governamental e empresarial, resultando em novas abordagens de parceria para a solução de problemas
Este capítulo analisa mais de doze fundações de diferentes idades e experiências para mostrar como elas se aproveitaram do seu status independente e do acesso a recursos financeiros e humanos para criar programas eficazes e inovadores. A fundação mais antiga tem mais de trinta anos de experiência, enquanto as mais recentes têm menos de cinco. Elas também variam bastante em termos de tamanho, recursos financeiros disponíveis e impacto. O que todas têm em comum é o desejo de provocar mudanças significativas em suas respectivas sociedades.
As três primeiras seções abordam a escolha de estratégias e papéis, a identificação de um enfoque claro para o programa e da estrutura de administração do programa. As três seções seguintes examinam como as fundações administram o processo de doação, desde a análise de propostas e seleção dos beneficiários (o termo "parceiros" está sendo cada vez mais usado), até a administração das doações, incluindo monitoramento e avaliação. As três Ùltimas seções se concentram nas áreas em que as fundações conseguiram provocar mudanças. Estas áreas são o fortalecimento da capacidade de organizações parceiras, o apoio a programas inovadores de geração de renda e a criação de pontes entre a sociedade civil, o governo e o setor corporativo.